Parte dos economistas defende aumento em outubro deste ano; mas outros membros da equipe acham que, devido à alta do IPCA, reajuste deve ser postergado para janeiro de 2014
O governo federal deve conceder um novo reajuste no preço da gasolina
até o dia 21 de outubro. A data é estratégica para o Palácio do
Planalto porque o primeiro leilão do campo de petróleo e gás natural
oriundo da camada de pré-sal em Libra (SP) será realizado pelo governo
neste dia. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o
desejo de parte da equipe econômica é de que o preço da gasolina seja
elevado em cerca de 8% nas refinarias até a realização do leilão.
O martelo está batido, em Brasília em relação à necessidade de um
aumento. Mas o conflito se forma porque membros do governo ainda
defendem que o reajuste seja postergado ao menos até o fim do ano, ou
mesmo que seja concedido apenas em janeiro de 2014. O principal
argumento, neste caso, é a inflação. A equipe econômica avalia ainda ser
possível reduzir o IPCA deste ano a um patamar inferior ao avanço de
5,84% registrado em 2012.
m reajuste da gasolina da ordem de 8% nas refinarias (e de pouco
menos disso nas bombas de combustíveis) representa, nas contas do
governo, um aumento de 0,2 ponto porcentual no IPCA. Entre os que
defendem o reajuste até a licitação do campo de Libra, a visão é de que a
inflação deste ano "já está dada". Assim, uma alta de 6,1% ou um pouco
mais no IPCA deste ano não seria problemática, uma vez que evitaria o
reajuste de preços ao consumidor no ano eleitoral de 2014.
Os técnicos do governo convergem para o fato de que o encarecimento
da gasolina também servirá como estímulo indireto ao setor
sucroalcooleiro. Mais barato nas bombas, o etanol pode compensar o
aumento de preços aos consumidores. Além disso, a composição da gasolina
no Brasil tem 25% de etanol na mistura, o que diminui o repasse da alta
de preços nas refinarias para as bombas nos postos de combustíveis.
Libra - O aumento do preço da gasolina é essencial para a Petrobras conseguir desafogar seu caixa. Como o leilão de Libra
será feito sob o regime de partilha, a estatal será a operadora com 30%
de participação mínima em todos os blocos que forem adquiridos por
companhias privadas. Por isso, a participação da empresa no leilão deve
exigir aproximadamente um desembolso de 4 bilhões de reais, estimou o
departamento econômico do HSBC em relatório recente.
Diante das dificuldades de caixa e do ambicioso programa de
investimentos que a empresa precisa tocar nos próximos anos, o reajuste
da gasolina seria um "sinal importante" ao mercado. O argumento tem
sensibilizado o Planalto, mas ainda não há definição quanto ao momento
exato do reajuste.
Com o aumento do preço, a situação financeira da Petrobras deve
melhorar, uma vez que ela poderá repassar ao mercado interno parte da
oscilação de preços que ela absorve ao importar gasolina do exterior. O
preço do combustível é fixo e controlado pelo governo federal. O
reajuste já foi solicitado formalmente pela Petrobras ao governo e
serviria para reduzir a diferença entre o custo do combustível comprado
pela estatal no exterior e aquele vendido nos postos de gasolina no
Brasil.
Custo - O forte aumento do consumo nos últimos três anos tem
infligido à estatal um pesado custo financeiro nas operações de comércio
exterior, que tem causado impacto inclusive na balança comercial
brasileira.
O recente salto na cotação do dólar agravou essa situação
- a Petrobras precisa gastar mais reais para adquirir a mesma
quantidade de combustível, cotado em dólar. A estatal perde cerca de
1 bilhão de reais por mês com a operação.
(Com Estadão Conteúdo)
Fonte Veja
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