quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Brasil é desprezado enquanto Pemex lidera vendas de títulos

Companhias mexicanas estão conquistando território das concorrentes brasileiras porque representam a maior proporção de vendas de títulos em cinco anos


Cidade do México - Companhias mexicanas como a Petróleos Mexicanos e a Cemex SAB estão conquistando território das suas concorrentes brasileiras porque representam a maior proporção de vendas de títulos da América Latina no exterior em cinco anos.

O recorde de US$ 27,1 bilhões emprestados aos emissores mexicanos equivale a 32 por cento da emissão total de bônus da região, segundo dados compilados pela Bloomberg. O aumento de 24 por cento nas ofertas de companhias mexicanas em 2013 se compara a uma queda de 39 por cento nas vendas das brasileiras, que totalizaram US$ 28,5 bilhões.
As companhias mexicanas estão capitalizando a crescente demanda dos investidores pelos ativos do país graças aos esforços do presidente Enrique Peña Nieto para impulsionar reformas tributárias e energéticas, enquanto que os mutuários no Brasil estão enfrentando a perspectiva de um corte da nota de crédito. O rendimento extra exigido pelos investidores para terem dívida corporativa mexicana em vez de títulos do Tesouro americano caiu 0,46 ponto percentual neste ano, frente a um aumento de 0,53 ponto percentual no Brasil, conforme a JPMorgan Chase Co.
“Muitas estrelas estão se alinhando para o México e para a renda fixa corporativa para 2014”, disse William Perry, gerente de fundos de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners LP, que gerencia US$55 bilhões em dívida de mercados emergentes. “Sou mais otimista quanto às perspectivas do México para 2014 do que com as do Brasil”.
Impulso ao crescimento
Em maio, a Fitch Ratings subiu a nota de crédito do México para BBB+, o terceiro grau de investimento mais baixo e um patamar acima da nota do Brasil, enquanto Peña Nieto avança com seus planos para realizar emendas à constituição do país no intuito de atrair investimentos das companhias energéticas como a Exxon Mobil Corp. As reformas poderiam ajudar a impulsionar o crescimento na segunda maior economia da América Latina para 6 por cento anual, frente à previsão de expansão de 1,3 por cento para este ano, disse Peña Nieto.
A Standard Poor’s, que colocou a nota BBB do México sob perspectiva positiva em março, disse em junho que poderia rebaixar a nota do Brasil, citando um crescimento lento e um endividamento crescente.
“Em geral, o mundo percebe o México como mais seguro do que o Brasil”, disse Guillermo Rodríguez, que ajuda a supervisionar US$ 6 bilhões na Corp. Actinver SAB, em entrevista por telefone da Cidade do México. “Basicamente, o México parece estar melhor do que o Brasil”.
Rodrigo Covian, diretor de operações em renda fixa na Bulltick Securities LLC, sediada em Miami, disse que muitos dos seus clientes não aumentaram suas posses de dívida corporativa mexicana porque estão esperando para ver um crescimento maior e se as reformas são aprovadas.
‘Não comprometidos’
“Eles estão prontos para comprar, mas sinto que eles ainda não estão comprometidos”, disse Covian em entrevista por telefone de Miami. “Eles querem saber mais. Eles querem ver que as reformas estejam avançando. Querem ver uma cifra alta de crescimento, por exemplo, o que ainda não foi visto”.
Emilio Gamboa, líder no Senado do Partido Revolucionário Institucional de Peña Nieto, disse
ontem à Radio Fórmula que ele esperava que os senadores concordassem em prolongar o processo legislativo até o final do ano se fosse necessário para aprovar as mudanças constitucionais exigidas para a abertura da indústria energética. Peña Nieto propôs um projeto de lei que permitiria às companhias privadas extrair petróleo no país pela primeira vez desde 1938.
“Estamos procurando mais oportunidades no México, certamente comparando com outras partes da América Latina, devido ao ímpeto do novo presidente e de todas as reformas”, disse Perry em entrevista por telefone. “Esperamos ver mais produção ali porque certamente é um país no qual gostaríamos de aumentar as nossas alocações”.
Fonte Exame

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